
Como vencer o esgotamento – Frustração
Vivemos em um ritmo cada vez mais acelerado, onde o nosso trabalho, as demandas da vida, os diversos padrões de desempenho, e até mesmo os nossos relacionamentos nos levam ao limite. Mas, a Bíblia nos mostra que essa sensação de esgotamento não vem de agora; ela sempre existiu.
Elias, por exemplo, foi um grande profeta de Deus, mas, logo depois de ter realizado algo grandioso, foi da euforia para a depressão. Ele dedicou sua vida a uma causa, que, no fim, não deu o resultado que esperava. Assim como Elias, quando temos nossas expectativas frustradas, temos a tendência de superdimensionar nossos problemas e acabamos distorcendo nossa percepção da realidade, que nos leva ao esgotamento.
Esse esgotamento faz com que a gente pare de agir racionalmente e passe a reagir emocionalmente, causando sintomas como o medo, o isolamento, a exaustão, a confusão, a comparação, a vitimização e a decepção. Passamos a pensar da maneira errada sobre nós mesmos. Contudo, Deus nos mostra que há renovo para o esgotamento quando descansamos, desabafamos e nos deleitamos n’Ele.
O descanso é necessário para colocarmos tudo “de volta no lugar” e reagrupar nossa alma; ele é uma dádiva de Deus para nós. Mas apenas o descanso não é suficiente, é preciso reconhecer que pessoas precisam de pessoas; de ajuda. Por isso o Senhor nos convida a desabafar, com honestidade e sem fingimentos, uns aos outros. E, é necessário encontrar deleite em Deus, pois só Ele pode satisfazer a nossa alma cansada. Ele nos convida a realinhar nossa identidade e propósito com a perspectiva do alto.
Existirão momentos em que nos sentiremos abandonados, porém, Deus permite que cheguemos ao limite, pois é ali que Ele se revela a nós, e encontramos graça. Afinal, “da Perspectiva do céu, tudo está indo conforme planejado” (Josemar Bessa).
Assim como você, alguém próximo pode estar passando por um momento de esgotamento. De que maneira você pode encorajar e trazer esperança para essa pessoa hoje?
Andando com o tanque vazio
Nossa cultura é estressada e tem sugado nossas energias sem percebermos. Até mesmo pessoas bem-sucedidas caem na armadilha do paradigma do desempenho, e continuam se auto explorando até o esgotamento. Temos a tendência de colocar todo o nosso esforço nos papéis que temos a desempenhar no dia a dia, que apesar de importantes, não são essenciais.
Nós funcionamos com a lógica de Marta, que quer provar para todos que é uma boa anfitriã e precisa primeiro produzir para depois descansar. Mas, a Bíblia nos mostra que o grande segredo da vida cristã é permanecer para produzir. O essencial deve ser o nosso relacionamento com Deus que, consequente e naturalmente, gera frutos.
Na história, Maria fez a escolha certa, pois reconheceu aquilo que era essencial e que traria para ela uma satisfação eterna. Como, então, podemos permanecer conectados com Jesus?
Devoção antes da ação
Assim como nós, Jesus tinha uma vida corrida, mas tomava tempo para permanecer em devoção e oração, conectado ao Pai. Esse deve ser um estilo de vida a ser adotado por nós, 24 horas por dia, pois, somente assim, podemos repartir com outros aquilo que recebemos de Deus, e podemos desfrutar dos efeitos de permanecer:
- Encontramos nosso valor em Deus: não somos os papéis que desempenhamos, porque o amor do Senhor já nos é suficiente (Marcos 1.10-11).
- Encaramos os problemas com outra perspectiva: não temos motivo para ficarmos ansiosos ou preocupados com nossos problemas, pois Deus está cuidando de nós (Marcos 1.12-13).
- Compreendemos corretamente o nosso propósito e as nossas prioridades: muitas vezes nos perdemos em nossas urgências, mas, como Jesus, não podemos abrir mão daquilo que é essencial (Marcos 1.36-38).
Invista tempo em seu relacionamento com Deus. Permaneça, momento a momento, pois isso é o essencial para uma vida equilibrada.
Você se sente mais como Marta ou como Maria? Faça uma lista daquilo que é prioridade em sua vida hoje e inclua um momento para se dedicar à devoção.
Excesso de informação
Nesta era de avanços tecnológicos, cada vez mais absorvemos informações em uma velocidade e quantidade muito maiores do que podemos suportar, sem realmente percebermos o quanto isso impacta o nosso ser e adoece a nossa alma.
A causa de nossa ansiedade e esgotamento vai além da superfície, está em nosso interior. Por isso, Provérbios 4.23 nos alerta sobre a importância de guardarmos o nosso coração, ou seja, tornar o lado de dentro de nossas vidas uma prioridade, indo além da superfície e da aparência.
A Bíblia nos traz vários princípios e ferramentas para podermos colocar isso em prática e cuidar do nosso coração:
1. Proteger a mente: nossa alma se alimenta de tudo aquilo que vemos e ouvimos. São as informações que consumimos que moldam nossas crenças, pensamentos e valores, então, precisamos de hábitos mais saudáveis de consumo de informações.
A Bíblia deve ser a base de nossas vidas, afinal, ela é a única fonte infalível de conhecimento; em seguida, a igreja, que é o lugar onde encontramos pessoas que nos encorajam, confrontam e nos animam; em terceiro, a natureza, que ao ser contemplada, nos diz muito sobre a grandeza de nosso Deus criador; e por fim, a arte e a internet.
2. Confrontar as emoções: nosso ser interior é perverso e enganoso, causando uma confusão emocional dentro de nós. A Palavra nos convida a confrontar nossas próprias emoções e sentimentos, para que estejam em sincronia com Deus. Não podemos viver por aquilo que sentimos, mas pelo que faz sentido, pois, se não tomarmos cuidado, seremos levados a uma direção completamente contrária à vontade de Deus.
3. Exercitar-se espiritualmente: assim como há uma academia para cuidarmos de nosso corpo físico, a Bíblia nos ensina “exercícios” para cuidarmos de nossa alma e desfrutarmos diariamente da presença de Deus:
- A devoção (silêncio, leitura e oração);
- A adoração (pessoal e comunitária);
- A comunhão (encorajamento e confrontação);
- O serviço (olhar para fora de si).
4. Focar na eternidade: nossa alma anseia pela eternidade. Esse desejo foi colocado em nossos corações por Deus, para que nós não desperdicemos tempo procurando coisas que não nos satisfarão, mas investindo nas coisas do Reino.
Aprenda a gastar o seu tempo com sabedoria, consumindo conteúdos que o façam crescer espiritualmente e pautando o seu processo de escolha à luz da Bíblia.
Qual ou quais são os exercícios espirituais (devoção, adoração, comunhão e serviço) que você precisa aprofundar mais em sua vida? Como você pode fazer isso?
Aprendendo a perdoar
Um dos fatores que nos desgasta e cansa são os sentimentos ruins que drenam a nossa energia, e a amargura, associada à falta de perdão é um deles. A amargura é como um veneno que contamina o nosso corpo. Quando não perdoamos, estamos ferindo a nós mesmos.
Mas, a Bíblia nos dá uma resposta simples sobre como devemos tratar essa questão em nossas vidas. O autor de Hebreus fala sobre buscarmos viver em paz com todos, nos libertando da amargura, perdoando como Cristo nos perdoou. Sabemos que perdoar não é tarefa fácil, mas temos que trazer à nossa memória constantemente que Jesus já pagou esse preço, e que Ele escolheu lançar fora toda a culpa que recaía sobre nós.
Sim, perdoar é doloroso. Mas, não perdoar, é mais doloroso ainda.
A partir do momento que entendemos que Deus, em sua grandeza, escolheu nos perdoar, mas não exercemos o perdão, estamos negando o amor de Deus. O perdão é para o cristão um dever, uma decisão, uma escolha. A escolha por perdoar não é pautada por sentimentos, ou pelo esquecimento, mas sim, pelo profundo entendimento de que Deus está à frente e de que Ele tem o controle de todas as situações.
A vida de José (Gênesis 37-50) é marcada pela rejeição, injustiça, assédios e esquecimento. Porém, a sua história não é sobre isso, é sobre o perdão.
- José teve um profundo senso da grandeza de Deus: ele passou a olhar para a sua situação a partir da perspectiva de Deus. É a mão de Deus que escreve o verdadeiro roteiro de nossa história.
- José ressignificou o seu passado de dor e tristeza: podemos dar um novo significado ao nosso passado quando o encaramos através das lentes do sacrifício de Jesus.
- José decidiu perdoar e ser uma bênção nas mãos de Deus: José sentiu a dor do perdão mas tomou uma decisão e foi liberto, porque entendeu o amor de Deus.
Independentemente do que tenha marcado o seu passado, a sua identidade hoje é definida pelo amor de Deus. Você é um filho amado! E Ele, assim como fez com José, poderá usar a sua dor para abençoar outras pessoas em situações parecidas. Reconheça a grandeza de Deus, ressignifique sua história, decida perdoar e ser uma benção nas mãos d’Ele.
Ore durante essa semana para que Deus lhe dê ousadia para conversar com aquela pessoa que você precisa perdoar.

Usando o tempo com sabedoria
Somos uma geração caracterizada pela distração. Nossa atenção está cada vez mais fragmentada e desaprendemos a nos desconectar. Essa dispersão de pensamento causa em nós uma profunda insatisfação com a vida, o que nos faz sofrer. Mas, a Bíblia nos mostra que há algo que pode nos proteger da distração, o propósito.
O livro de Efésios nos apresenta um conceito muito trabalhado ao longo da Bíblia: a diferença entre o sábio e o tolo; e nos dá princípios para sermos cuidadosos em nosso modo de vida, aprendendo a discernir o que realmente importa, para podermos viver com significado.
- Viver com sabedoria significa fazer melhor uso do tempo: somos chamados a remir o nosso tempo de acordo com a vontade de Deus, diante da brevidade, sofrimento, filosofias tolas e domínio do mal. Jesus nos deu um novo sentido e propósito, por isso, aquilo que fazemos hoje, deve ser uma preparação para a eternidade. Não podemos perder tempo.
- Viver com sabedoria significa discernir a vontade de Deus:muitas vezes nos questionamos: “qual é a vontade de Deus para minha vida?”, esperando que Ele nos diga e nos mostre todas as decisões que devemos tomar no dia a dia. Mas, a Bíblia nos mostra que a vontade de Deus já foi revelada a nós, isto é: realizar as boas obras que Ele de antemão preparou para nós.
Então, como usar o tempo para a glória de Deus?
Precisamos colocar Deus em primeiro lugar em nossas vidas (Ef 5.18), para que sejamos cheios do Espírito, por meio da adoração, comunhão e gratidão. Em segundo lugar, a família, sujeitando-nos uns aos outros por temor a Cristo (Ef 5.21) e, por fim, o trabalho (Ef 6.7) com excelência, pois nada tem a ver com o que fazemos, mas com a oportunidade que Deus coloca diante de nós.
Olhando para sua rotina, o que mais tira a sua atenção daquilo que deveria ser o seu foco? Como você pode mudar isso?
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Paulo Dias – Psicanalista Clínico e Neurocoaching com especialidade em terapia cognitiva comportamental e psicoterapia comportamental


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